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24 maio, 2011

Logística reversa ainda gera dúvida [Portal Webtranspo]

Garantir a sustentabilidade ou preservar a imagem das corporações? Ao que parece, ainda é tênue a linha que separa as atribuições da logística reversa. Em uma época de questões politicamente corretas, o processo que envolve o transporte de embalagens e de determinados resíduos do consumidor a sua origem (fabricante), evitando o descarte inadequado na natureza, virou tema recorrente entre empresas e entidades do setor. De acordo com Paulo Roberto Leite, presidente do CLRB (Conselho de Logística Reversa do Brasil), em artigo publicado no Portal Webtranspo, essa visibilidade se acentuou nos últimos anos no Brasil e no mundo em razão da enorme quantidade e variedade de produtos, com ciclos de vida cada vez mais curtos. Esta realidade multiplica a necessidade de itens já consumidos ou não que perderam o valor mercadológico mas que podem ser reutilizados.
Maricê Léo Sartori, consultor e professor de logística da Fatec (Faculdade de Tecnologia de Americana), afirmou que atualmente as companhias estão criando planos para evitarem o prejuízo de ter a sua imagem arranhada perante a sociedade. “A maioria dos grupos possuem ações em bolsas de valores e o descarte indevido pode causar sérios danos à imagem corporativa”, considerou o professor.
No entanto, a questão transcende problemas corporativos, motivo pelo qual o governo brasileiro lançou em agosto do ano passado a “Política Nacional de Resíduos Sólidos”, que estipula o caminho de volta dos produtos com o envolvimento de consumidores, comerciantes, distribuidores e fabricantes.
Entre eles, estão os mais nocivos como agrotóxicos, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e eletroeletrônicos. Segundo Sartori, a meta nacional é reciclar 30% dos resíduos até 2022.

Conta
Mas para que essa meta seja alcançada, o consultor citou que algumas diretrizes precisam ser tomadas. “A logística reversa tem diversos apelos. No papel é muito bonito, mas alguém precisa pagar a conta”, declarou. Segundo ele, para desonerar a sociedade, a tendência é que os próprios produtores paguem pelo processo logístico – retirar, tratar e destinar.
“Um exemplo que pode ser citado é o das pizzarias. Elas teriam a obrigação de retirar a caixa na residência do consumidor ou nos pontos estratégicos de coletas. Isso abriria a possibilidade para que eles se transformem em operadores de logística reversa”, prosseguiu Sarori salientando que a partir daí, o governo poderia pensar em uma forma de reduzir os tributos de empresas que dão bons destinos aos resíduos.
Um caso que deu certo, segundo ele, foi o realizado pela Abrividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro), que, “por questão de sobrevivência”, criou um plano efetivo para recolher todo e qualquer tipo de embalagem de vidro.

Maior desafio
Para o professor, o grande desafio é ajustar o plano logístico. Segundo ele, a maioria dos resíduos está nos centros urbanos (casa do consumidor), fato que gera dificuldade de locomoção para quem vai transportar. “É preciso pensar onde centralizar as estações de coletas e aumentar a transportabilidade a fim de minimizar o prejuízo das operadoras que estão recolhendo”, salienta.
Fazer o transporte do produto em seu estado normal causa diversos problemas pelo acúmulo de volume. “É preciso desmontar, descompactar prensar e moer”, diz.
O mercado já oferece modelos de máquinas e o no Brasil já existem nove delas para moer resíduos, instaladas nas próprias estações de coletas, que podem ser em supermercados, shoppings, metrôs e parques. Segundo Sartori, a previsão é que até o fim deste ano o número dessas máquinas chegue a 130 no território nacional.

Fonte: Portal Webtranspo; disponível em http://www.webtranspo.com.br/logistica/22450-logistica-reversa-proposito-ainda-confunde; acesso em 22/05/2011.

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