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27 janeiro, 2016

A logística em 2016 [Logística Descomplicada]

O mercado passa por maus bocados e o setor logístico é um dos últimos a sentir esses impactos devido à sua amplitude. A logística, vital em todas as áreas da economia, já sofre constantemente pela falta de investimentos públicos e por certo desprezo, até mesmo por parte do empresariado nacional, quanto ao enorme potencial de soluções que o setor guarda e aguarda ser explorado.
Numa crise como a que atravessamos atualmente, a desaceleração nesse segmento é sentida quando atinge seu ponto mais incerto: o da reacomodação. E esse momento chegou.
Suponhamos então, que o Brasil seja um ônibus que quebrou brecando bruscamente e, após os sustos e o tempo que levamos para saber o porquê da freada, se estamos inteiros e se estamos no nosso lugar – sem contar o tempo de xingamento reservado ao motorista – agora começamos a traçar novas metas e redesenhar nossos planos para alcançarmos nossos objetivos.
E aqui os setores se diferenciam: há aqueles que podem pegar um táxi, mas não há táxis para todos; há aqueles que pensam no metrô, mas a estação pode estar longe; há aqueles que resolvem seguir a pé, mas muitos se cansarão no caminho e ainda há aqueles que ficarão esperando até que tentem consertar o ônibus e este possa seguir seu rumo.
Que o ônibus será consertado não há nenhuma dúvida. Quem tem lá seus cinquenta anos de idade já passou por muitos sustos desse tipo. Contudo, a espera é mais perigosa e desgastante do que todas as alternativas que contribuem para um conserto mais rápido.
Na prática, o mercado busca novas rotas, novas praças, novos públicos e é agora que a logística de armazenagem e de transportes passa a ser ainda mais sufocada. Infelizmente, muitas empresas buscam a redução dos custos do transporte antes mesmo da busca pela redução de seus custos de produção.
E o que vemos são transportadoras regularizadas perdendo mercado para o “transporte cru” – aquele sem seguro e sem o cumprimento de deveres legais que, geralmente, queima o preço no mercado e traz consequências que levam tempo e mais reduções de margens para serem contornadas.
Não é novidade que 2016 será um ano difícil. Mas, para a logística em especial, será um ano ainda mais complicado, pois enquanto os outros setores já buscaram seu rumo – na metáfora do ônibus – uma grande parte do segmento logístico precisa ficar por perto para consertá-lo: é o caso do setor automotivo que diminui suas atividades, do setor de obras que também cai drasticamente e tantos outros.
Aí quem transporta numa outra faixa do mercado também é atingido já que uma parte dessa frota migra para outros segmentos causando aquele efeito “baleia de água doce”, que é tão somente a tentativa de sobrevivência no mercado que causa desequilíbrio embora encarar os desafios seja legítimo e necessário.
É, 2016 tem um desenho desfavorável para vários segmentos logísticos. A começar por aqueles cuja infraestrutura perdeu o rumo totalmente.
O governo expôs suas dificuldades para cumprir planos essenciais e cortou o orçamento para 2016.
Não há dúvidas de que tudo isso atingirá em cheio o Programa de Investimentos em Logística (PIL) que, como comentado aqui, possuía metas inatingíveis em 2015 – que realmente não foram atingidas – e desenhava a mesma ambição para 2016.
Aconteceu que no primeiro semestre de 2015 houve, com números já confirmados, uma repetida queda nos investimentos em infraestrutura.
O semestre registrou apenas 0,33% do Produto Interno Bruto (PIB) investidos em obras de transporte, saneamento, energia e de telecomunicações, segundo estudos da Inter.B Consultoria.
Os números do segundo semestre de 2015 não devem ficar muito diferentes, embora eu acredite na superação do primeiro, ainda será o pior ano para a logística em termos de investimentos em infraestrutura.
O Brasil, na década de 70, já chegou a investir 10% do PIB. Na década passada esse percentual chegava a 2% e veio caindo consecutivamente.
Lembrado que nossos custos logísticos são de 12% do PIB. Para assegurar nossa competitividade, precisaríamos investir anualmente 4% nos próximos oito ou dez anos.
Mas, com o infame declínio dos números e da infeliz visão sobre a importância dos investimentos em logística, não se espera para 2016 números diferentes e a queda no percentual fará parte do cenário.
Até porque vale lembrar também que o ano começa com os velhos assuntos do impeachment da presidente da República e da cassação do presidente da Câmara dos Deputados.
Enquanto isso estará se arrastando por Brasília, começará no Rio de Janeiro as Olimpíadas e depois já estaremos respirando as eleições municipais.
E os investimentos em logística? Ah, fica para depois!… [Marcos Aurélio da Costa]

Fonte: Logística Descomplicada; disponível em http://www.logisticadescomplicada.com/a-logistica-em-2016/; acesso em 27/01/2016.

19 janeiro, 2016

Centro de logística armazenará mais de 30 milhões de objetos no Rio 2016 [Globoesporte]

Os números impressionam. Ao todo, serão cerca de 30 milhões de objetos armazenados e transportados durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016. A lista contém 980 mil equipamentos esportivos, 5 milhões de peças de mobiliário para a Vila dos Atletas e outras instalações, 36 mil bagagens de atletas, 100 mil cadeiras e muito mais. Tudo coordenado e armazenado pelos Correios no centro de logística do Rio 2016, que ocupa dois espaços: um em Duque de Caxias e um galpão na Barra da Tijuca. 
Os dois depósitos gigantes de Duque de Caxias ocupam juntos uma área de 80 mil metros quadrados e será lá que mais de 2 mil funcionários estarão envolvidos e mobilizados ao longo dos meses de agosto e setembro - quando a operação terá seu período de maior atividade.
- A operação logística representa um grande desafio. Essa tem uma característica diferente por ter um mix de materiais e equipamentos. Você tem uma bola de ping pong, como tem também obstáculos de provas de hipismo. É uma disformidade, uma não padronização logística que torna um desafio realizar a movimentação desses itens em um curto período de tempo - comentou o coordenador geral de logística do projeto Rio 2016, Carlos Henrique de Luca.
A escolha do local de instalação do centro foi estratégica. De acordo com De Luca, toda a carga que sai do depósito em Duque de Caxias consegue chegar a qualquer área de competição em 30 e 40 minutos - considerando um dia sem trânsito. Todo material de competições está guardado lá. Obstáculos das provas de cross country, canoas, remos, bicicletas, alfinetes de barcos e também materiais práticos como cones e barreiras usadas na organização dos eventos. 
- Determinamos uma área de logística que também foi definida pelo Comitê. Nós conhecemos o mercado de locação de grandes armazéns no Rio e há um problema sério com isso. Tem locais que você tem grandes prédios, mas com uma vizinhança inadequada e descartamos esse tipo de lugar. Na Barra, não existem grandes galpões. Viemos para cá por essa demanda e é o melhor local em relação à distância, não é longe se comparado às nossas outras opções - disse De Luca. 
A parceria entre a empresa responsável pela logística e o Comitê Rio 2016 começou há dois anos e foi anunciada oficialmente em janeiro de 2014, após um processo de licitação. De lá para cá todo um planejamento foi realizado e desde julho deste ano vem sendo colocado em prática nos eventos-testes. Até o momento, o processo de logística implantado obteve êxito. 
- Todo esse trabalho começou há dois anos, lá em maio de 2013 quando nós participamos do processo de licitação e, de lá para cá, os Correios mantêm um relacionamento estreito com o Comitê. Todo esse trabalho começa no planejamento e, a partir daí, os eventos-teste são importantes para você testar tudo o que foi planejado. O modelo é didático, nos ajuda a entender o problema, aprender com ele e corrigir ao longo do tempo. Eu não tenho dúvidas de que nas Olimpíadas, a operação logística será um sucesso - afirmou o vice-presidente de logística dos Correios, José Furian Filho.
Muitos dos equipamentos precisam de um cuidado especial, tanto no que diz respeito ao transporte quanto no armazenamento. Todos os funcionários receberam treinamentos realizados por membros do Comitê para entender as especificidades de cada um deles. Agilidade na entrega e organização dentro dos depósitos são algumas das tarefas dos funcionários que trabalham diariamente no local.
- O treinamento é realizado de forma cíclica. Em uma parceria com o Comitê, realizamos treinamentos. Chega uma equipe e ela é treinada. Você não tem uma equipe única, você agrega pessoas no decorrer da operação. Começamos com 100 pessoas e vamos chegar a 2 mil - contou Carlos Henrique de Luca.
Até agora, poucos imprevistos aconteceram, como no caso dos obstáculos das provas de equitação e hipismo. Esses itens foram os mais complicados de transportar. 
- Quando chegaram os containers, de 40 pés, e abrimos, não sabíamos que tinha tantos obstáculos e eram muito grandes. São obstáculos enormes e tivemos de contratar equipamentos muito diferentes do que usamos para o transporte. Deu tudo certo! - contou De Luca. [Gabriela Pantaleão, estagiária, sob supervisão de Matheus Tibúrcio]

Fonte: Globoesporte.com; disponível em http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2015/12/centro-de-logistica-armazenara-mais-de-30-milhoes-de-objetos-no-rio-2016.html; acesso em 19/01/2016.