Inverter o grau de importância. Esta é a afirmação dada por especialistas ao compararem o processo realizado por algumas empresas atualmente na cadeia logística, que priorizam o transporte em si deixando de lado trabalhos considerados por eles como primordiais e que integram as atribuições do segmento denominado intralogística.
Segundo Percival Margato Júnior, presidente da Abrange Logística, empresa que oferece serviços nessa área, esse tipo de inciativa é muito comum acontecer. “Atualmente, percebemos que ainda existem players que priorizam apenas o transporte final do produto, se esquecendo que 75% da cadeia integra exatamente às ações da intralogística, que é a ‘espinha dorsal’ de todo o plano de supply chain”, salientou o executivo.
De acordo com ele, bem antes de uma mercadoria ser transportada, a empresa deve processar informações, desenvolver fornecedores, acionar o departamento de compras, receber e verificar todos os tipos materiais, embalar e movimentar os produtos e estocá-los apropriadamente.
“Importantes negócios são perdidos, justamente pelo fato de que determinada companhia, por não possuir um trabalho eficaz de intralogística, não consegue colocar o produto certo, na hora certa, nas mãos do consumidor final. O diferencial é se moldar às necessidades do mercado”, destaca.
Algumas delas já perceberam isso e já organizaram sua gestão contratando consultorias e terceirizando os trabalhos internos. Essa percepção tem movimentado o setor e grupos como a Abrange já planejam um crescimento para este ano de no mínimo 30% em novos contratos.
Especializada na terceirização de serviços de intralogística, como fornecimento de equipamentos, tecnologia e profissionais, a Abrange possui 62 unidade de negócios em 14 estados brasileiros e capacidade para elevar a carteira para mais de cem clientes em 2011.
Competitividade
Margato destaca que a intralogística ficou muito tempo adormecida e de uns tempos para cá surgiu como ponto fundamental para o crescimento dos negócios. “As grandes empresas passaram a dar importância a partir do momento que sentiram que a competitividade comercial estava ficando ameaçada”, frisou.
“O maior desafio é compreender que a área envolve grandes gastos e precisa de soluções inteligentes”. Estas palavras foram utilizadas por Eduardo Banzato, presidente do IMAM, para definir a importância da Intralogística para garantir a competitividade das empresas em qualquer área de atuação.
Mesmo revelando que 25% dos custos estão relacionados ao processo de logística interna e admitindo que existe um caminho a ser percorrido para a consolidação do segmento, o executivo prevê um futuro favorável com esse setor, crescendo ao mesmo nível da economia nacional neste ano, perto de 5,5%.
“O crescimento da economia vai puxar o setor”, salientou Banzato que estipulou em 30% a defasagem atual do volume de contratos com relação a países europeus e aos Estados Unidos. Entretanto, esse déficit – segundo ele – não está ligado à falta de tecnologia ou expertise em intralogística.
“O Brasil tem capacidade para fornecer qualquer solução que a maioria dos países está utilizando. Basta as empresas deixarem de investir em modelos mais simples e apostarem naquilo que realmente vai fazer a diferença na conta final de seus negócios”, explicou o presidente do IMAM.
Terceirização
Embora reconheça que há uma tendência no mercado, Banzato informou que existem empresas que investem para assumir essa atividade e a realizam com muita eficiência. O executivo se esquivou de responder sobre as perspectivas de investimentos nesse setor, mas revelou que feiras do setor, como a Movimat, costumam movimentar mais de R$ 1 bilhão a cada edição.
Fonte: Portal Webtranspo; disponível em http://www.webtranspo.com.br/logistica/22708-intralogistica-a-diferenca-para-crescer? ; acesso em 23/06/2011.